Minério atinge menor cotação em oito meses

Os preços do minério de ferro caíram para o menor valor em oito meses, aumentando a pressão sobre os lucros das mineradoras à medida que elas correm para quitar a grande quantidade de empréstimos que fizeram para expandir suas operações. Uma redução na demanda das siderúrgicas chinesas tem empurrado para baixo os preços do minério de ferro nos últimos seis dias de negociação. A China compra cerca de 60% do minério de ferro exportado via marítima, transformando-o em aço para indústrias que vão da construção civil ao setor automobilístico. Mas as siderúrgicas chinesas têm se preocupado recentemente com a diminuição do crédito para as construtoras do setor imobiliário, o que poderia ser o presságio de uma queda nesse mercado e na demanda por materiais de construção. Robert Montefusco, corretor sênior da Sucden Financial, que tem sede em Londres, disse que os preços do minério de ferro podem cair ainda mais, à medida que as siderúrgicas tendem a adiar novas compras até que possam garantir carregamentos com descontos significativos. A Rio Tinto priorizou a redução da dívida num momento em que o setor tenta cortar gastos e ser mais rentável Para empresas como a Rio Tinto PLC e a Fortescue Metals Group Ltd., que se comprometeram a reduzir suas dívidas e aumentar os retornos para os investidores, a queda dos preços é uma preocupação. A Fortescue, em particular, está tentando pagar a dívida rapidamente com o fluxo de caixa gerado pela venda recorde de minério de ferro extraído das suas minas australianas. A Rio Tinto afirma que os preços do minério de ferro ficaram numa média de US$ 126 por tonelada em 2013, o que permitiu que ela pagasse US$ 4 bilhões da sua dívida no fim do segundo semestre. O preço do minério com teor de 62% de ferro entregue no porto de Tianjin, em Pequim – uma referência para a indústria -, caiu para US$ 117,80 por tonelada na quarta-feira, o menor valor desde julho. Isso significa que as mineradoras podem ser forçadas a diminuir o ritmo e que estão quitando suas dívidas. Os preços subiram 0,2% ontem, para US$ 118 a tonelada. A Fortescue acumulou uma dívida enorme ao longo dos dez anos de sua campanha para quebrar o domínio das rivais Rio Tinto, BHP Billiton Ltd. e Vale SA no fornecimento de minério de ferro para a China. No auge da dívida, a Fortescue devia mais de US$ 12 bilhões. Ela começou a quitar os empréstimos no ano passado, mas no fim de dezembro ainda devia US$ 8,6 bilhões. O diretor financeiro da empresa, Stephen Pearce, afirmou que a Fortescue queria pagar mais alguns bilhões de dólares até o fim de 2014, mas admitiu que o ritmo dos pagamentos vai depender muito do preço do minério de ferro. A corretora australiana Morgans prevê que a Fortescue poderia reduzir a razão da dívida sobre o patrimônio de uma estimativa de 57% em dezembro de 2013 para 41% até dezembro deste ano se os preços se mantiverem em torno de US$ 124 por tonelada ao longo do ano. Numa média de US$ 100 por tonelada, a empresa seria capaz de reduzir essa proporção para 53% até o fim do ano. “Se o preço do minério de ferro se mantiver, nosso lucro será forte… mas isso depende de onde o preço parar”, o quão rápido a Fortescue poderá quitar seus empréstimos, diz Pearce. A Rio Tinto também priorizou a redução da dívida num momento em que toda a indústria tenta cortar gastos e tornar as minas mais rentáveis. Executivos querem controlar a pilha de dívidas que se acumulou à medida que a empresa anglo-australiana expandiu suas minas e a infraestrutura em dezenas de países, incluindo a Austrália, os Estados Unidos e a Mongólia. Ela também fez empréstimos para ajudar a financiar várias aquisições que se mostraram inoportunas, incluindo a compra da canadense Alcan por US$ 38 bilhões. A Rio Tinto é a segunda maior produtora mundial de minério de ferro, atrás da brasileira Vale, e conta com as vendas da matéria-prima do aço para a maior parte dos seus lucros. Ressaltando o risco que a volatilidade dos preços representa para seu resultado, a Rio Tinto afirmou em fevereiro que, se os preços do minério de ferro tivessem ficado a uma média de US$ 113 por tonelada no ano passado, US$ 1,2 bilhão teria sido subtraído de seu lucro de US$ 10,2 bilhões. A Rio Tinto quer quitar sua dívida líquida, que era de US$ 22 bilhões em meados de 2013, para cerca de US$ 15 bilhões ao longo dos próximos anos. É bem verdade que alguns analistas não esperam que os preços do minério de ferro continuem caindo. James Wilson, analista da Morgans, atribui a queda recente de preços, em grande parte, às mudanças sazonais de demanda, já que o setor da construção civil desacelerou durante o inverno no hemisfério norte. Ele espera que os preços fiquem entre US$ 110 e US$ 130 por tonelada nos próximos meses, garantindo os lucros do setor de mineração. “Mesmo com os preços atuais, ainda se trata de um lucro razoável para esse pessoal”, diz Wilson. Mas, se os preços começarem a cair para menos de US$ 110 por tonelada, “aí é que provavelmente você vai ver as pessoas começando a reavaliar suas expectativas”, diz.

Fonte: INTELOG (2/3/2014) PORTO ALEGRE (São Paulo)

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