17/04/2014 – Apesar de 2014 ser um ano atípico, com Copa do Mundo e eleições no país, a subsidiária brasileira da multinacional francesa Saint-Gobain aposta em crescimento de 10% no seu faturamento originado no setor da construção civil, mesma expansão que foi registrada em 2013. No ano anterior, companhia obteve R$ 3,5 bilhões no Brasil nesse segmento.
As expectativas para o setor de construção no país neste ano estão “levemente mais otimistas do que em 2013”, afirmou ao Valor, em entrevista por e-mail, o presidente mundial da Saint-Gobain, Pierre-André de Chalendar.
“O grupo está focando na expansão da demanda por soluções de alto valor agregado para construções sustentáveis. Além disso, o bem-sucedido lançamento das concessões para estradas e aeroportos deverá dar um estímulo para o setor de infraestrutura”, afirma Chalendar. O executivo menciona ainda o déficit habitacional que o país enfrenta e conta que a Saint-Gobain desenvolveu soluções específicas para o programa Minha Casa, Minha Vida.
No setor de construção civil, o faturamento da Saint-Gobain no Brasil provem dos negócios da Weber (revestimentos e argamassas, com 17 fábricas no país), Brasilit (telhas em fibrocimento e caixas d’água), Pam (tubos, conexões e válvulas), Isover (soluções de isolação termoacústica e em lã de vidro), Placo (drywall), Cebrace (joint venture que fabrica vidro plano para o setor da construção imobiliária) e Mineração Jundu.
Incluindo os demais setores em que a Saint-Gobain do Brasil atua, como ferramentas abrasivas, refratários, vidros para eletrodomésticos e setor automotivo, e garrafas e potes de vidro, a receita local do grupo chegou a R$ 9 bilhões no ano passado.
“O Brasil é estratégico para o nosso grupo e está entre os países com o crescimento mais elevado da companhia nos últimos anos”, afirma Chalendar. Segundo ele, a desaceleração do crescimento econômico do Brasil é uma preocupação no curto prazo, mas a expectativa do grupo é que haja recuperação no médio prazo.
“O Grupo Saint-Gobain pretende continuar a fazer investimentos expressivos em inovação e na construção de novas unidades industriais para oferecer soluções eficientes e sustentáveis, próximas ao mercado”, disse. Ele pondera que as empresas terão de redobrar as atenções em 2014, em razão de Copa do Mundo e eleições e ter “estratégia flexível para lidar com a sazonalidade desses períodos”.
Na avaliação do presidente da Saint-Gobain do Brasil, Benoit d’Iribarne, os principais desafios de atuação da companhia são a concorrência desleal com materiais importados pelo Brasil, como o vidro oriundo da China, e o custo da energia. “Temos mais preocupação com o custo do que com o fornecimento de energia, pois ainda não vemos um sinal consistente de que haverá racionamento”, afirma Iribarne.
O executivo – que está no país à frente da subsidiária desde 2012 – acrescenta que “um pouco mais de flexibilização na legislação trabalhista seria bem-vinda para aumentar a competitividade das empresas no país”.
Sobre o investimento na fábrica da Weber, e outros projetos em curso, d’Iribarne observou que “não se faz uma fábrica só pensando na Copa do Mundo”. Para ele, é resultado da confiança na expansão do mercado, que cresce 5% a 6% ao ano – o dobro da construção.
O total a ser investido no país em todos os negócios neste ano ainda não foi definido, mas a tendência é que supere os R$ 400 milhões de 2013. “Este será um ano mais desafiador”, disse d’Iribarne, apontando que a inflação preocupa e que o dólar, entre R$ 2,25 e R$ 2,40, ajuda a recuperar um pouco a competitividade para o país.
Fonte: VALOR ECONÔMICO – SP | SÃO PAULO (São Paulo) | Caderno: Empresas Paginas B03,A01